quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sem Déjà vu

Com o resultado da especial das motos, hoje, era inevitável falar da recuperação de Cyril Despres - no primeiro dia, ocupava a 22ª colocação; com a vitória na especial de hoje, está em segundo - e como isto fez com que Fretigne, da Yamaha, voltasse para o terceiro lugar.

Mas veio-me à cabeça o Dakar de 2007, quando Despres recebeu a taça das mãos de Marc Coma.

Era a 13ª especial. Marc vinha com uma vantagem tranqüila, 52min48 para Cyril. O percurso seguia de Kayes para Tambacounda. Por volta do km 50, Coma sofreu um acidente. Estava a seis quilômetros do trecho indicado no road book. Sua moto pegou uma raiz e jogou-o de encontro a uma árvore.

Durante o Dakar, eu sigo uma espécie de rotina: logo que acordo, a primeira coisa que faço é ligar o computador. Neste ano, a coisa ainda está sussa na hora em que me levanto, mas naquela época, com o rally na África, a prova já pegava fogo.

Estava digitando o endereço do site quando minha mãe me ligou. "Você já soube?"

Minha garganta chegou. A última vez que ela havia ligado para casa com aquele tom de voz fora no dia 11 de janeiro de 2005, dia da morte de Fabrizio Meoni.

Assim que comecei a ler a notícia, meus olhos encheram-se de lágrimas. Pelo telefone, minha mãe dizia para eu me acalmar, ler o resto. Eu não queria, já dava Marc como morto. "Ele está vivo, mas sofreu um acidente".

Sério, mas não corria risco de morte. A prova pra ele, porém, estava morta.

"He is ok, no problem", foi a notícia que tive do espanhol por meio de Cyril, em fevereiro daquele mesmo ano.

Despres assumiu a segunda posição, mostrando uma ótima recuperação. Fretigne acabou perdendo seu posto, e provavelmente terá de se contentar com o terceiro lugar. Mas, mais do que isso, Marc Coma segue liderando, com 1h29min48 do francês da KTM. Conseguiu, assim, cruzar a antepenúltima etapa do rally, mesma em que ficou pelo caminho, há dois anos atrás.

Ainda não é hora de comemorar vitória. Mas, agora, ela ficou ainda mais perto.

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