quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobre o conto de fadas de Ronaldo Fraga


Os ~fashionistas de plantão~ têm dessas coisas: nem sempre (ou quase sempre) analisam a repercussão de suas atitudes.

Não se trata do preconceito – ou o que alguns podem chamar de “mal gosto” – do desfile de Ronaldo Fraga e sua “homenagem” aos negros com cabelo de bombril (!!!!!), e sim sobre o que isso NÃO gerou no tal mundo da moda. Talvez o tema até tenha ecoado pelos corredores da bienal, mas não cruzou a barreira que poderia transformar os sites de moda em fóruns para se discutir o tema de maneira mais ampla.

Alguns noticiaram a tal ~homenagem~, outros passaram batidos pelas ridículas tiarinhas de palha de aço do estilista. Ninguém questionou sobre o que isso significava. No site da Vogue, leitores comentavam o quanto se sentiam ofendidos pelo desfile de Ronaldo Fraga. Não é uma bela deixa para se discutir sobre a imagem dos negros na moda, a valorização de sua cultura e raízes, a beleza dos cabelos cacheados e crespos? Mas não. Preferiu-se aplaudir o mineiro e seus bombris na cabeça.
  
Daí acharem que o mundo da moda é fútil e superficial. Ele mesmo gosta de reforçar essa ideia. Algumas vezes deixam escapar uma polêmica – como quando a modelo magérrima com distúrbios alimentares morreu e todo mundo passou a levantar a bandeira da “saúde é o que interessa, o resto não tem pressa”. Foi um movimento lindo, as marcas reprovando modelos com IMCs baixos, curvas sendo valorizadas e tudo o mais. Até o tema cair no esquecimento e começarem a achar incrível a tal dieta pré-desfile da Victoria’s Secret da Adriana Lima – que não era bem uma dieta, e sim uma greve de fome.

Não tem jeito. Enquanto os tais ~fashionistas de plantão~ não saírem das salas de desfile e começarem a prestar atenção na sociedade, eles sempre estarão presos a um mundo de contos de fadas.

terça-feira, 19 de março de 2013

Like a Sheerio

Uma série de confissões: eu tenho medo, pavor, desespero de adolescentes. Não todas, é verdade, mas daquela parte que grita, faz escândalo e tira fotos no espelho de banheiro público - coisas que, muito provavelmente, eu fiz, mas que a memória seletiva não me permite lembrar; eu fui ao show da Katy Perry - por livre e espontânea vontade, não porque minha irmã adolescente (uma adolescente bacana) me obrigou. True story.

Não tinha ligado as duas coisas quando paguei uma pequena fortuna no ingresso do show da moça de cabelo azul. Só depois, já no inferno-em-forma-de-show-de-cantora-pop-teen, me dei conta da loucura. Meninas gritando. Pulando. Uma delas deu uma cotovelada no meu peito. Horror.

Nesse dia eu jurei: nunca mais iria a um show de teenager. Like... ever. (como diria Taylor Swift, e aí você já começa a perceber que o juramento foi pro saco).

Nesse momento caberia uma digressão sobre Damien Rice, mas aí seria tanta paixão amor felicidade lágrimas coraçãozinho-com-a-mão e melosidade que vocês desistiriam logo desse texto - digo, aqueles que que não pararam de ler assim que citei Taylor Swift.

Pois o medo pode se transformar em salvação quando seu lado juvenil aflora com força. Por algum motivo totalmente incompreensível - seria o cabelo ruivo? O jeito, que só pode ser classificado como "fofo"? A idade? - um Damien Rice em miniatura conseguiu alcançar essa parcela da população que vai para a porta de hotel gritar chorar espernear. E, em uma reviravolta cruel do destino, também me encantou.

Deixe-me explicar, então, que Ed Sheeran me deixou tão obcecada que, mesmo diante da avalanche de adolescentes histéricas, comprei o ingresso para seu show feat Taylor Swift. Adolescência em dobro. Gritos em dobro. Horror em dobro - e aí surge uma luz: e se eu me juntar a elas? Gritar, espernear, fazer coraçãozinho com a mão?

Assistir a um show teen #foreveralone te abre esse leque de possibilidades. A possibilidade de, aos 23 anos, buscar lá no fundo da alma o lado adolescente e deixar rolar. Vestir a camisa (metaforicamente) do mocinho, ser Sheerio (a irmã que me ensinou), realmente surtar diante do show de um cantor que você curte pra caramba.

É essa a minha terceira confissão: já tenho data, hora e local para me permitir voltar à doce e assustadora histeria adolescente.