segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Dedicatória

Eu te dei um livro com uma dedicatória. Finalizava com um "com amor". Podia ter escrito, também, "com muito amor", "com todo amor do mundo" ou qualquer uma de suas variantes. Mas foi um simples e sincero "com amor", mesmo.

Eu não escrevo dedicatórias. Dou livros a rodo e nunca escrevo nada. Mas, pra você, eu escrevi. Uma mensagem boba e cheia de significado.

E hoje eu me pergunto se esse amor morreu em algum sebo da vida.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Quando um MUSO se aposenta

"Adeus, adeus, adeus... palavra que faz chorar" - Noel Rosa

Alguns podem dizer que tanta comoção é exagerada, já que, tecnicamente, Loeb não deixará o WRC agora - inclusive tem chances de ser deca-campeão (???) ano que vem, mesmo correndo umas 4, 5 provas.

Mas fato é que 2012 marca o fim de uma era. Talvez não uma era com disputas acirradas e carros à Grupo B, mas uma era em que vimos a evolução de um verdadeiro gênio do rali.

Loeb brilhou não só no WRC. Mostrou valor também nas pistas, chamou a atenção de gente especializada em asfalto e já pode ser coroado com um dos melhores pilotos da história do automobilismo.

Para quem acha que Loeb só é muso desse blog por causa da beleza, charme e sedução, engana-se. Loeb é soberano. Bateu recorde atrás de recorde no Mundial de Rali, foi campeão mesmo tendo quebrado o braço antes de terminar a temporada, mostrou que quando se é Loeb, não precisa forçar para ficar acima da média.

Pode ser que seu tipo de pilotagem não agrade todo mundo. É compreensível. Já ouvi relatos de que a pilotagem dele é tão perfeita que começa a ficar sem graça depois de um tempo. A perfeição tem esse defeito: encanta, mas faz as coisas ficarem um pouco sem graça.

Mas mesmo que o WRC já não tenha ar de surpresas há anos por causa exatamente dele, não existe quem não lamente, pelo menos um pouco, a aposentadoria de um ídolo desses. A partir do ano que vem, uma nova história começa a ser escrita no campeonato. Melhor? Pior? Só o tempo vai dizer. Mas uma coisa eu sei: por muito tempo ainda sentiremos falta de algo, e esse algo responde pelo nome de Sebastien Loeb.

PS: Nenhum piloto consegue ser tão bem-sucedido sem um grande navegador. Daniel Elena merece boa parte dos louros desses nove campeonato. Afinal, para chegar até onde Loeb chegou, só com um gênio como Elena do lado.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que uma fila com Mia Couto me ensinou

É engraçado como, às vezes, algumas coisas parecem fazer um sentido imenso, mesmo quando não fazem. Tipo ontem.

Peso absurdo nos ombros, pé ainda lesionado, aula de inglês rolando e eu lá na Cia. das Letras, no Conjunto Nacional, esperando por Mia Couto. Nem era a palestra, cheguei atrasada e tal. Era a tal sessão de autógrafos, mesmo, esse momento tão inútil em que esticamos um livro para um autor, ele assina, sorri, te devolve o livro pra você e fim. Assim, desprovido de emoção - pelo menos de uma das partes.

Embora eu não seja de pedir assinatura quando o escritor em questão não diz nada para mim. Tem lá o livro de Samantha Power, "with hope", também assinado por Carolina Larriera, viúva de Sergio Vieira de Melo. E tem o do Pedro Bandeira, para a "querida Amanda", e nesse querida vive uma intensa discussão sobre por que eu preciso acreditar no mundo - estou tentando, seu Pedro, estou tentando.

Mas voltemos ao Mia Couto, já que a história com ele também é longa.

"O último voo do Flamingo" - e voo em Moçambique já não tinha acento muito antes do novo código e blá -  fez parte da lista de livros da Cásper Líbero em 2007, ano em que, vejam só vocês!, também prestei vestibular. Não passei e roguei todas as pragas possíveis ao jornalista, mal aê, seu Cásper, não quis ofender.  Mas a lista de livros da Cásper é de tirar o chapéu. Livros e filmes, aliás. Coisa de quem quer uma análise mais aprofundada da arte de escrever, não só enfiar os clássicos guela abaixo. Naquele ano, além de Mia Couto, Manoel de Barros também fazia parte da lista. E Carandiru, se não me engano. Talvez Drummond, Machado de Assis, Guimarães Rosa e Chico Buarque. 

A Cásper me ensinou a ter mais amor pela língua portuguesa. Depois disso, li mais Chico, li Lygia, me apaixonei perdidamente por Quintana e Manoel de Barros. Porque, que me desculpem os amantes de José de Alencar, mas se dependesse de Iracema, nada disso teria acontecido. 

(Claro, muito do mérito também via à professora de literatura do cursinho, que me ensinou muito de preciosismo e comparava Manoel sempre a uma bala de coco.)

Então parece que, apesar da tragédia que foi não passar no vestibular da Cásper, sonho de adolescência, eu aprendi muito com toda essa experiência. E um dos professores que me ajudou a passar por essa jornada não foi outro que não Mia Couto. Talvez não pessoalmente, mas por meio de suas sábias e preciosas palavras.

PS: é engraçado como a gente absorve algumas coisas. Hoje, vejo um pouco de cada um dos autores que tanto admiro no jeito de escrever. E ainda tem gente que alega não gostar de ler.  Para eles, cito minha professora de literatura do Ensino Médio: não existe essa de não gostar de ler. Existe é que as pessoas ainda não encontraram o livro da sua vida. Beijos, Edna!

domingo, 4 de novembro de 2012

Virando gente grande

A gente às vezes tem aquele sonho de casar com um cara rico e não fazer nada - ou melhor, fazer as coisas que a gente quer, sei lá, viajar, viver de leitura, filmes, etc - ou, melhor ainda, ter nascido em berço de ouro - e repete a história de viajar, ler, etc. Enfim, qualquer coisa que signifique não trabalhar porém ser podre de rico.


Mas aconteceu uma coisa engraçada durante essa semana. Tipo uma epifania. Foi uma coisa simples, o ato de sair do escritório para almoçar, mas aquilo, naquele momento, me trouxe muito mais que isso.

Eu tava ali, indo para um almoço que eu pagaria do meu próprio bolso - porque eu tenho um salário. Para alguém que já está no mercado faz tempo, isso pode não parecer nada. Mas eu era universitária até o ano passado e, apesar de já ter trabalhado, não era uma coisa concreta. É como se, por ainda estar na faculdade, classe média, etc, etc, eu tivesse um ~aval~ para não me preocupar muito com o meu dinheiro.

Mas aí, de repente, eu virei gente grande. Tenho um emprego - um emprego do qual eu gosto muito -, tenho um salário e aprendi a administrá-lo. Outro dia li um texto que falava mais ou menos sobre isso, no caso, sobre finalmente conseguir o seu cantinho. Eu tenho esse sonho de ter o meu cantinho, minhas coisas, meus livros, meu zilhões de gatos e tal, mas, por enquanto, outros planos fazem com que eu também me sinta mais independente, mais responsável. Planos pequenos mas que, para mim, são um paso enorme. Como: a viagem do ano novo. Besteira? Pela primeira vez vou fazer tudo com o dinheirinhos que eu ganho por causa do meu trabalho. A tintura e corte do meu cabelo. O almoço da semana, as saídas no fim de semana, o cinema, os livros, as maquiagens. O bar. A poupança para poder viajar em 2013 e ainda sobrar um pouquinho para ajudar na pós-graduação ou no curso de extensão. Coisas simples - mais que uma casa, pelo menos! - mas que já dão um gostinho de "putz, eu conquistei isso! Vou passar o ano novo com os amigos por causa do MEU trabalho".

Então eu fico pensando que, embora fosse ser bacana ter nascido rica para poder viajar pelo Brasil e o mundo vááárias vezes ao ano - eu me sentiria a pessoa mais milionária caso pudesse fazer isso -, poder guardar algum dinheirinho pra poder pagar alguma viagem legal do meu próprio bolso me parece muito mais gratificante. E eu não trocaria esse momento da vida nem por todo o dinheiro do mundo.