quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Rali, décimo ano

No final das contas, precisou de apenas um motivo para eu optar por fazer jornalismo: a vontade de ver o rali crescer, evoluir e conquistar cada vez mais espaço na imprensa. Do alto dos meus 12/13 anos de idade, eu queria mudar a mentalidade da imprensa esportiva e enfiar-lhes rali guela abaixo, embora meu sonho à época fosse escrever para uma revista ESPECIALIZADA no tema.


Cresci, evoluí, abracei o jornalismo, parti para um mundo novo da comunicação, hoje flerto cada vez mais com a publicidade. Trabalhei em site de automobilismo, escrevi matérias sobre rali mas, na realidade, nunca estive presente profissionalmente nesse esporte. Tentei, mas tudo tem seu tempo.

Mas, independente dos sonhos malucos daquela garota de 13 anos, o rali também cresceu. Em dez anos, vimos o Sertões, exemplo máximo do esporte no Brasil, assumir a responsabilidade como etapa do mundial do mundial de motos e, em seguida, do de carros. Recebeu estrelas de grandeza maior como Marc Coma, Cyril Després, Nasser Al-Attyah, Giniel De Villiers, Carlos Sainz (tks, Felipe!) para chegar em 2012, com a grande lenda Stephane Peterhansel integrando a lista de inscritos da prova. Nesses dez anos, o Sertões firmou-se como segundo maior rali do mundo, nada mal para um país que, sejamos francos, não tem a cultura do esporte correndo na veia.

Mais do que isso: ganhamos mídia e reconhecimento. De repente, aquele esporte que ouvia de emissoras "nós só falaremos do Dakar quando um brasileiro morrer" (na morte do francês Bruno Cauvy no começo dos anos 2000) passou a fazer parte da agenda da imprensa nacional, pelo menos nos meses de julho/agosto e dezembro/janeiro. É pouco? É. Mas já é muito, principalmente levando em conta que os campeonatos nacionais ainda não têm uma fundação bem resolvida. Hoje eu posso, não sem orgulho, fazer esteira enquanto vejo o Bom Dia, Brasil falando sobre o Sertões, colocando os nomes de pessoas caras a mim ali na telinha. Hoje eu posso receber uma mensagem de um amigo falando "Profissão Repórter na Globo: reportagem sobre o maior rally do mundo (sic) =)".

Ainda falta muito? Falta. Bastante. O tema rali ainda passa longe de vários jornalistas especializados em automobilismo, mas ganhou espaço. Um exemplo? Fernando Silva, do Grande Prêmio, é um grande entusiasta de rali e já deu as caras em duas edições do Sertões, com coberturas muito bacanas para um dos maiores sites de automobilismo do Brasil (inclusive com uma boa entrevista com o mito Peterhansel, assim que eu achar o link posto aqui).

Só me paira uma dúvida de vez em quando: o quanto a própria comunidade ralizeira quer isso? Algumas discussões nas últimas semanas me fizeram por em xeque essa vontade. Será que estamos prontos para correr atrás do profissionalismo necessário para crescermos ainda mais? Ou será que passaremos o resto da vida reclamando dos carros gringos que vêm correr o Sertões?

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Onze de setembro, onze anos depois

O dia 11 de setembro tem se tornado um dos maiores clichês do ano. É sempre a mesma coisa: onde você estava, com quem, fazendo o quê e, mais importante, como esse dia mudou o mundo. Pois hoje estava contando a velha história-sem-história (eu tinha dez anos, afinal, e ninguém ia sair contando uma coisa dessas em plena manhã de aula) e fiz, pela primeira vez, uma triste reflexão: esse foi o meu primeiro contato com essa realidade cruel do mundo.


De repente, tudo deixava de ser uma coisa cor-de-rosa para ganhar nuances de cinza. Alguém havia sequestrado dois aviões e jogado-os contra dois prédios lotados de gente. Era crueldade demais. E era real.

Depois disso, palavras como guerra e terrorismo tornaram-se comuns no dia-a-dia. Surgiu o tal do Bush que invadiu o Afeganistão atrás daquele tal de Bin Laden, que, diziam, era um dos responsáveis pelo plano pra tacar os aviões e por mais um monte de outras coisas ruins. Mas o tal Bin Laden tinha sido treinado dos EUA, era amiguinho deles em um passado não muito distante. O mundo era um lugar muito mais difícil, sujo e cruel do que eu imaginava. Até então, a ruindade do homem estava em jogar papel na rua, matar animais. Não tinha essa de matar dezenas, centenas, milhares de inocentes. Mas aconteceu. E continuou a acontecer, e continua a acontecer.

E o que ficou disso tudo? A tristeza por descobrir, hoje, que minha infância começou a acabar naquele onze de setembro.