terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Superestimado

Quando era criança, costumava ser atendida no P.S. do Hopital São Luiz. Paramos de freqüentá-lo quando injetaram em minha mãe uma substância a qual ela era tremendamente alérgica. Pra que perguntaram se ela tinha alergia a algum medicamento, se era exatamente esse que iriam aplicar? (Isso porque foi ela quem identificou o erro, não os brilhantes médicos do São Luiz).

Mais de uma década depois, voltei a pisar naquele hospital. Desde sexta-feira estava com urticária. No domingo, acordei com mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e uma febre que beirava os 39 graus.

No dia seguinte, já um pouco melhor, fui levada ao P.S. do São Luiz - unidade Morumbi (ainda mais conceituada do que aquela no Itaim). Relatamos o quadro clínico à médica - enfatizando a febre, que só passou às cinco da manhã de segunda - e a mulher mandou que me sentasse na maca. Examinou garganta, pulmão e só. Peraí... se uma pessoa diz que estava com uma puta febre a algumas horas atrás, seria demais se o médico medisse a temperatura do paciente ou, pelo menos, colocasse a mão em sua testa?

O resto era previsível. Aquilo que me fez perder um dia de aula é o mantra de todos os médicos: virose. Indagada sobre a relação febre x dor de garganta (veja bem, ela não estava inflamada), ela contou uma historinha sobre carnaval, badalação em excesso, vírus forte, etc. Ahn? Então tá.... (Putz! No próximo carnaval não vou poder nem ir ao cinema e jogar War!)

Inalamos aquele cheiro agradável de fumaça de carro - o acesso à garagem é em frente ao P.S., ambos coexistindo sob um mesmo teto que permite que a fumaça se espalhe igualmente entre lanchonete e hospital - para encontrarmos meu pai. Uma vez com ele, lembramo-nos do bendito atestado. Voltamos e, enquanto esperávamos o documento, presenciamos uma cena que vai nos manter longe dali por mais algumas décadas.

O cara chegou, braços dormentes, dor no peito, sensação estranha na nuca. A mulher do guichê mandou que ele sentasse, pois em breve seria chamado na triagem . Ele acomodou-se na poltrona, apoiou os braços na perna e abaixou a cabeça.

Um tempo depois, chega a acompanhante. Enquanto ela preenchia a papelada, ele estabeleceu uma certa "rotina": lenvantava-se, pegava um copo d'água, ingeria o líquido, ia ao banheiro para cuspí-lo. Já se passavam bem uns dez minutos.

A certa altura, a porta da triagem abriu-se. Ele se levanta, mas o médico chama outra pessoa. A acompanhante continuava a preencher os papéis. Ele olhava em nossa direção - estávamos bem atrás da mulher - com uma cara de sofrimento.

Em uma das idas e vindas do cara ao banheiro, a loira do guichê diz: "ele já foi levado para a triagem". Minha mãe se mete: "não foi não. Foi outro. Ele tá no banheiro." A acompanhante sorri, lágrimas nos olhos, e diz um obrigada baixinho. Quinze minutos.

Em quinze minutos aquela merda de hospital não atendeu um cara que, possivelmente, estava tendo um infarto bem no meio da recepção!

Quando saímos daquele lugar cuja a missão é "superar as expectativas dos clientes, garantindo sua total satisfação", o cara ainda estava lá, sentado na poltrona.

(Leia aqui o relato de meu padrinho sobre a incompentência do hospital Vita, referência em Curitiba)

Um comentário:

Anônimo disse...

Mandinhaaaa!!!
Explicado pq vc faltou, mocinha...
shuauhsahuuhsauhuhsa
Vc fez uma puta falta ;/
Mas que bom que vc já está bem :D
Te adoro, linda!

Bjuss