sábado, 23 de fevereiro de 2008

A semelhança entre Damien Rice e Thom Yorke

Quando saí do cinema, naquele distante ano de 2005, já estava infectada. Não tinha mais como fugir. Aquela voz, aquele sentimento, ele fisga e você não consegue mais escapar.

Todas as músicas que carregavam aquele nome foram baixadas. O violão, os sussurros, a voz, o sentimento que emprega. E de repente descubro que os próximos três anos (e os três que se seguirem, e os outro três, e mais três, e...) seriam construídos ao som dele.

Curiosamente, uma das primeiras músicas que ouvi dele não era, na verdade, dele. Ela pertencia a um tal de Radiohead, mas eu estava pouco me lixando para aquilo. Só queria saber dele, ele, ele.

O sentimento que Damien Rice provoca em você é inexplicável. Primeiro vem a voz. A migração constante que ele faz entre gritos e sussuros te faz viajar. Sentimentos viriam até de uma "éguinha pocotó" ou "bonde do tigrão". Mas eles surgem de lugares como "Let the people decide/I've got nothing to hide/I've done nothing wrong/So why have i been here so long?" (Unplayed Piano), "You can brave decisions/Before you crumble up inside/Spend your time asking/ Everyone else's permission:/And then run away and hide" (Coconut Skins), "There's still a little bit of your taste in my mouth/There's still a little bit of you laced with my doubt/It's still a little hard to say what's going on" (Cannonball) ou da mais conhecida "And so it is/The shorter story/No love, no glory/No hero in her sky" (The Blower's Daughter, que foi brutalmente assassinada por Ana Carolina e Zélia Duncan).

Você vai tentar dividir esse talento com outras pessoas. Mas aí descobre que não consegue: você morre de ciúmes dele, e assim ele ficará fadado a morrer no quase anonimato aqui pelo Brasil, e você jura que não quer isso, mas a hipocrisia mandou um abraço.

Quando me deparei com a Rolling Stones desse mês, meu coração pulou. Olhei aquela foto, aquela capa, e senti meu corpo inteiro amolecer. Peguei a revista e meu rosto voltou à sua cor natural. Quem estava estampado não era Damien. Era Thom Yorke, vocalista do Radiohead.

Comprei a revista, coloquei-a debaixo do braço e saí andando, querendo que a tristeza tomasse conta de mim, mas totalmente feliz. Ainda não estou preparada para que Damien Rice assuma o topo das emissoras de rádio brasileiras.

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