sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Don't cry, dude!

Passava das sete e eu estava sentada em um degrau da pracinha atrás do metrô Vila Madalena. Meu interesse estava centrado no livro em minhas mãos: a irmã do cara assassinado estava desaparecido e o jornalista com sua editora estavam curiosos para saber o que aconteceu.

Mas surgiu aquela menina.

Quer dizer, não sei se ela já estava ali, a alguns metros de mim, e eu simplesmente não havia notado-a. Enfim...

Falava de em alto som sobre timbre, uma oitava, ré médio - sei lá se era médio e se era mesmo o ré, foi apenas para relembrar a excelente piadinha de ontem.

Dizia a guria que ela não poderia cantar naquele timbre porque ela fora cantora de trash metal e aquilo estragou as cordas vogais dela. "Foi o.... (não lembro o nome do indivíduo, mas finjamos que era Caetano) que disse". Fiquei imaginando quem seria esse ser.

Disse também que tinha timbre para cantar música lírica. O que me fez respeitá-la porque alcançar um tom pra cantar esse tipo de música deve ser foda - mas acho que isso não quer dizer que ela necessariamente vai cantar bem.

Comecei a fazer algumas suposições. Provavelmente o mocinho do outro lado da linha fazia parte de uma banda e queria que ela fizesse o vocal. Um cara estava observando o talento de certos caras do grupo e, caso eles fossem ruins pra burro, outros caras estavam quase certos pra entrar no lugar desses caras. Sacou?

Aí chegou a notícia para ela: eles tocariam fora. Ela quase surtou. Aí descobri que seu namorado também fazia parte da banda e hoje era o aniversário de namoro deles (parabéns!). E esse era o melhor presente que eles podiam ganhar - palavras dela. Disse para o outro que ligasse para o namorado lá pelas oito e meia - hora que ele saía do trabalho. "Ele vai chorar muito, é o sonho dele tocar fora!" Pelo que entendi, ele só chorou uma vez desde que ficou mais velho. Essa seria a segunda.

Imaginei Kurt Cobain deitado no colo de Courtney Love chorando pra caramba. Deu dó do mocinho. Eu sei que aparentemente era um puta sonho pra ele tocar fora - não sei se fora do país, da cidade, do bairro ou da garagem, mas acho que não importa muito - mas, poxa, o cara nunca chora na vida dele! É uma coisa emocionante, não é?

E aí a menina chamou o cara de bosta, o que me fez pensar que é mais ou menos a mesma coisa que merda ou quebre a perna no teatro - o sentido é exatamente o contrário do que a palvra representa.

Não sei como terminou o assunto. Ela foi embora e eu não a segui.

Mas penso que, a essa altura, o namorado dela deve estar chorando pra cacete.

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