Deve fazer um pouco mais de quinze dias que minha mãe me informava que o transplante de Milena talvez não pegasse. Naquele dia, pela manhã, os médicos haviam ligado e dado pouca esperanças. Chega a notícia no dia seguinte: o negócio lá que deveria baixar, baixou. Em outras palavras, o tratamento teria continuiadde.
Não conheci Milena. Aliás, nem fazia idéia de como ela era. Mas sabia que era uma pessoa forte. Porque só uma pessoa forte viveria a vida que ela teve.
Pelo que sei, teve seu primeiro câncer aos dezoito anos. Daí foi uma sequência. Agora estava no sangue ou na cabeça. Ela tinha vinte e dois anos.
Neste ano, começou a fazer um tratamento, que consistia em pegar células da própria medula e injetar nela mesma. Para isso, também precisava de uma alta dose de sangue doado, não importando o tipo ou Rh. Falei com algumas pessoas sobre a doação. Sentia-me mal em não poder doar.
No dia do transplante, quase morreu por erro médico. O "profissional" precisou enfiar o cateter seis vezes. Ela não podia perder muito sangue. Não deu outra: tascou um soco na cara do homem. O que fez com que minha admiração por ela crescesse mais, diga-se de passagem.
Ontem, a jovem Milena desencarnou. Já estava em coma induzido desde terça. Havia feito o segundo transplante há alguns dias.
Com idades próximas, achava que algum dia a conheceria, conversaríamos e riríamos, juntas.
Algum dia, Milena, riremos juntas. Cobre-me quando eu te encontrar.
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Despedida
Mais um pitaco da Amanda Roldan às 10:37
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