quinta-feira, 16 de julho de 2009

153 minutos de decepção

Se o termo existe no mundo do cinema, Harry Potter é um filme nômade no que diz respeito ao diretor. E se não existe, criei agora.

À frente dos dois primeiros filmes estava Chris Columbus, conhhecido por dirigir e produzir filmes para criança de sucesso, como "Esqueceram de Mim" e "Uma Noite no Museu". Somado à pouca idade dos atores principais, "HP e a Pedra Filosofal" e "HP e a Câmara Secreta" foram mais infantis que o resto da saga _sem contar que a história dos livros ainda não era tão desenvolvida quanto foi nos últimos. Como a tendência era o aumento de páginas nas sequências, também parecia que os filmes seriam cada vez mais longos _e isso se confirmou entre os dois primeiros, com 152 e 161 minutos.

Em "O Prisioneiro de Azkaban", Harry Potter passou para as mãos do bonitão mexicano Alfonso Cuarón, que daria um tom mais "maduro" para o filme _como nos episódios anteriores, uma história mais sombria no livro colaborou. Sacadas interessantes foram criadas no filme, mas algumas informações importantes, como as pessoas que criaram o Mapa do Maroto, foram esquecidas.

Quarto livro, terceiro diretor. Desta vez foi Mike Newell o encarregado de colocar "O Cálice de Fogo" no cinema, um dos melhores livros da saga. A tarefa foi executada com maestria não só pelo diretor, mas também pelos atores. Alguns pontos da história foram claramente mudados, mas nada que incomodasse quem já havia lido o enredo de J.K. Rowling. Foi o segundo filme estrelado por Michael Gambon no lugar de Richard Harris com Dunbledore. Embora cada ator dê seu toque nos personagens, o papel de Gambon sempre destoou do Dumbledore dos livros. O único ponto negativo do filme.

"A Ordem da Fênix" foi o livro mais chato da série. David Yates, porém, soube pegar os pontos bons e transformá-lo em um filme relativamente curto se comparado ao resto da saga _foram 138 minutos_, mas excelente. Mais uma vez, os atores mostraram mais maturidade, e Daniel Radcliffe não deixou a desejar no papel de um Harry Potter meio sombrio e solitário.

O sexto filme, "HP e o Príncipe Mestiço", estreou ontem. O livro é um dos melhores da série, com Harry desvendando mais sobre o passado de Voldemort. O diretor também continuava o mesmo, David Yates, e por isso a expectativa era alta. Mas...

Adaptar livros para filmes não deve ser uma tarefa fácil. Você provavelmente estará lidando com um best-seller que conquistou de milhões de leitores no mundo, e que portanto terão uma visão crítica da história criada no cinema. A chance de não agradar é grande.

Quando saí do cinema ontem, ouvi gente reclamando das mesmas coisas que eu: onde estava a batalha final, o clímax da história? E o enterro de Dumbledore? Fatos importantes que ajudam no entendimento do livro seguinte não estavam presentes. Cenas que deveriam ser mais exploradas não apareceram, enquanto partes sem sentido para a história foram incluídas. E eu, especialmente, senti falta de um personagem que foi pouco citaddo no filme: Fenrir Greyback, o lobisomem que mordeu Lupin.

"Quer dizer que Harry Potter 6 é uma porcaria?" Não, não é uma porcaria. Mas é decepcionante. Especialmente depois de David Yates fazer um trabalho tão bom em "A Ordem da Fênix". Foram dois anos de espera e 153 minutos de decepção.

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