domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sobre a descartabilidade de celulares

Nunca me falaram que celulares deveriam se encaixar no grupo de bens de consumo duráveis. Tampouco me ensinaram que tais aparelhos estavam inseridos no grupo oposto - seria o de bens de consumo imediato? Enfim...

Celulares tem se tornado brinquedos descartáveis, além de, cada vez mais, perderem seu posto de telefone móvel - do que importa falar e receber chamada se não tira fotos, grava, toca mp3, faz café, bolo de chocolate e tudo mais?

É normal ouvir por aí a frase "já estou pensando em trocá-lo". Repare no já, advérbio que indica um curto espaço de tempo. Não é por necessidade. Ostentação? Também, mas não acho que seja só isso.

O principal motivo, creio, é o que falei lá em cima: ele tornou-se um objeto descartável. Talvez pelo fato de as tecnologias estarem se tornando obsoletas com uma facilidade incrivel. Em um dos meus primeiros celulares, lembro bem, eu ficava fuçando as configurações dos toques, descobria as notas das músicas e montava, eu mesma, minhas próprias melodias. Nos polifônicos, meu conhecimento musical não permitia fazer tal descoberta. Nos mp3, então, esquece.

Mas tudo isso passou muito depressa. A tecnologia evolui muito depressa.

As operadoras também facilitam. A toda hora oferecem aparelhos com preços camaradas ou de graça.

Mas qual é o problema em trocar sempre de celular? Se você não é daqueles que se apegam às coisas, acho que nenhum. Aproveite e "troque de roupa" sempre que quiser - e puder.

Eu não sou muito assim. Pode parecer besteira, mas certas coisas marcam. Eu tinha um V3 que, quando recebia mensagem, fazia o barulho do Mário pegando as moedinhas. Mais do que isso, naquela época aquele toquezinho me fazia dar aqueles sorrisos mais bobos e davam aquelas borboletas no estômago tão gostosas. Não preciso dizer que não fiquei nem um pouco feliz quando passaram a mão no meu brinquedinho.

Ele não era o suprassumo, mas não importava muito: ele estava ali para fazer o que originalmente era sua função: servir de ponte para comunicação entre as pessoas.

Mas tenho que esse desapego, essa infidelidade aos aparelhos provocou outra tendência: meu Sony-Ericsson modernoso durou seis meses. Apagou. Tentei, em vão, ligá-lo. Não somos só nós que tornamos os celulares descartáveis. As fabricantes parecem gostar dessa nova brincadeira de bem de consumo imediato - ou não durável, whatever.

Poxa, agora bateu uma saudadezinha do meu V3...

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