Nunca fui muito consumista. Consigo perfeitamente viver sem, a cada semana, adicionar uma peça nova ao meu guarda-roupa. Claro, todo mundo tem suas fraquezas. Eu, por exemplo, não posso sair de uma livraria se sacola. Da última vez que fiz isso... bom, deixa pra lá. Só digo que Pierre Lévy ficou feliz comigo.
Pois hoje caminhávamos, eu e a Aline, alegres e contentes pelo Shopping Paulista. Eis que ela surge. Linda, um salto fininho e todo trabalhado, preta, de cetim.
Usei como desculpa o Salão do Automóvel, daqui a menos de duas semanas, mas poderia ter usado a festa no dia onze ou o casamento no dia 29. Tantúfas. Foi arrebatador, amor à primeira vista, qualquer coisa viraria desculpa.
Pedi ao vendedor o tamanho 33. Aí estava o principal obstáculo. Tenho pé de Cinderela, quase nada cabe. Por isso uso sempre tênis, tênis eu posso comprar tamanho infantil e ninguém vai notar - ok, agora todo mundo vai começar a olhar para meus pés. Tipo aquele episódio do casamento do Chandler e da Mônica, quando descobrem que o Joey tem pé pequeno, sabe?
Então eu tenho um pé minúsculo. Pra vocês terem idéia, tenho um sapato social, uma sandália de festa e uma bota de salto fino. Ponto final. Por isso raramente me apaixono perdidamente por um sapato. É quase um amor impossível, que quando começa você já sabe que vai acabar em merda.
O cara veio com o número 34. "É grande", disse Aline. Concordei, sorumbática. O negócio parecia enorme para os meus padrões pesísticos.
Pois calcei-o mesmo assim.
É difícil descrever essa sensação. Você se olha no espelho e diz: "Uau!" É como se, a partir daquele momento, o mundo estivesse em suas mãos - claro que, dependendo do sapato, um tempo depois você nem vai se lembrar do mundo em suas mãos. Só vai pensar no pé e naquela dor insuportável.
"Um bom salto escolhe você, e não o contrário", diria Manolo Blahnik (dá uma googlada, dá). E aquele salto definitivamente me escolheu. Tanto é que, logo que cheguei no escritório, estiquei a peça para o Pandini. "Bonita". Homem não sabe dessas coisas.
Deixei-a ao meu lado, como se fosse um bibelô. Linda, linda.
Quando a Alê chegou, mostrei a sandália, toda feliz. Ela me entende. Te empresto de vez em quando, tá?
ps: sim, eu sei andar em um troço desses! "Andar de salto alto é como andar de bicicleta", diria Camilla Morton.
pss: e sim, ela está ao meu lado nesse exato momento. Linda. Maravilhosa.
Ai... tô apaixonada...
terça-feira, 14 de outubro de 2008
O salto
Mais um pitaco da Amanda Roldan às 21:29
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