segunda-feira, 23 de março de 2009

Culto aos heróis

O Mundial de Rali vive um momento de tédio curiosamente interessante.

Stobart Ford e Munchi's não são exatamente novidades. A primeira merece destaque por ser a líder das "menos favorecidas" _ou seja, as M2. A Munchi's é liderada por um argentino, Frederico Villagra.

A grande novidade seria a equipe Junior da Citroën, com três candidatos ao título de futuro Sébastien Loeb: "Tião" Ogier, Conrad Rautenbach e Evgeny Novikov. Por enquanto, nenhum deles conseguiu deixar de ser apenas um rostinho bonito, e apesar de já ser um passo para alcançar Loeb, é preciso muito mais. Que consegue salvar o novo empreendimento da marca francesa é exatamente o patinho feio da turma: Chris Atkinson, ex-Subaru, que mesmo assim está atrás das duas equipes de fábrica e dos dois principais pilotos da Stobart.

Enfim, a grande novidade está se tornando o grande fiasco. E as grandes promessas parecem apenas blefes.

Na Ford, nenhuma grande novidade. Dois finlandeses e nenhum parece em condições ao título _Latvala, oh, vergonha!, está apenas em sétimo no campeonato. Hirvonen, claro, pode brigar pela vitória, mas o cenário não é nem um pouco favorável.

Sobra Loeb. Após cinco campeonatos, o francês ainda consegue surpreender. Se no começo duvidava que alguém podia ganhar todas as etapas de um campeonato, agora já tenho dúvdas _faltam apenas nove provas... Mas toda supremacia enche o saco. Falar de Sébastien é invitável, mas começa a se tornar desagradável.

Eis que surge o ponto interessante.

Com a saída da Subaru, o futuro de Solberg tornou-se uma incógnita. Mas o norueguês conseguiu montar uma equipe própria e estreou exatamente em seu país de origem. Na hora foi alçado a herói do ano.

Se não bastasse, ainda conquistou um terceiro lugar no Chipre, o que fez com que seu ato se tornasse ainda mais heroico.

Para Portugal, não será apenas Solberg que chamará a atenção. Gronholm é esperado com uma expectativa fora do normal. Correrá com a Prodrive a bordo de um Subaru. Quer coisa mais deliciosa do que um bicampeão pilotando um carro-lenda?

A lógica disso tudo é a seguinte: o WRC continua recorrendo aos seus ídolos para manter-se vivo _e interessante. O rali, em si, é assim. Ainda mais em um cenário como o atual. Já imaginaram se Juha Kankkunen ou Ari Vatanen resolvessem correr algum prova?

Mas não é apenas o cenário atual que facilita o jogo. Se qualquer um dos jovens bonitinhos estivesse dando show, Gronholm e Solberg também seriam esperados com grande entusiasmo.

Algum dia, quando a época for outra, o mesmo estardalhaço será feito em cima de Loeb. Porque não existe nada como ver um bom piloto das antigas dando show pra molecada.

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