quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Ela

Ela não era de muito papo. Para que comesse, deixávamos a comida ali; ela vinha e comia. Quando nos aproximávamos mais, fugia. Às vezes esperava até que não houvesse ninguém por perto para atacar o prato de comida.

Passado um tempo, descobrimos que ela estava para dar a luz. Como, onde, quando? Não sabíamos. Como já disse, ela não permitia nenhum tipo de contato.

Seis e meia da manhã, caminha até a varanda. Lá estava ela, deitada na cadeira. Sorrio com a cara de pau dela. E após uma pequena reunião, decidimos por deixar aquele pequeno ser castanho dormir.

No fim da tarde, voltando para casa, minha mãe me coloca a par da situação. Seus rebentos estavam ali, abaixo da nossa varanda. Já em casa, me divirto com aqueles dois filhotinhos brincando, a mãe atenta a cada movimento, nosso e deles.

Acabo de ouvir algo. Talvez um deles tenha derrubado a vasilhinha de comida colocada no telhado. A cadeira da varanda está vazia, mas sei que estão todos ali embaixo. Me pergunto agora que destino terão esses seres. Nos últimos anos, sete já passaram por nossos braços, cinco vingaram. Todos estavam abandonados, jogados na rua como se fossem um bando de coisas. Os dois novos filhotinhos já conseguiram dono. A mãe, ela na certa ficará por aqui, talvez fazendo companhia para os outros que moram do lado de dentro da varanda. Ou então não. Continuará com sua vida de vira-lata, aparecendo de vez em quando para comer, sozinha, naquele pratinho no fundo do quintal.

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