terça-feira, 24 de julho de 2012

Quando a gente acha que o abuso tem justificativa

Hoje, a Manu Barem colocou no twitter que (quase) foi abusada por um cara. Estava andando na rua, o ser a levou para um beco e abriu a camisa dela. Ela reagiu, gritou, bateu no cara e conseguiu escapar.

"Ser mulher é foda, triste, imensamente triste", escreveu ela no twitter. E é, mesmo. Por motivos como esse. Não só do abuso em si, mas que, depois de um evento desses, sempre surge a pergunta: mas com que roupa ela tava?

(e sei lá se já surgiu no caso da Manu, e, caso tenha surgido, já mando à merda a pessoa que ousa pergunta uma coisa dessas)

É como se a roupa fosse um convite. Como se, caso estivesse com uma mini-saia, o cara tivesse o DIREITO de abusar da mulher.

Não, não tem. Nem se a mulher estivesse nua ele teria. Mas todo mundo acha que tem. E isso é triste, muito triste.

Às vezes nem é um caso assim como o da Manu. É difícil encontrar uma mulher, por exemplo, que não tenha uma história de homem passando a mão nela dentro do ônibus. Eu tenho, e vou dizer uma coisa: a gente fica assustada depois. Mesmo que seja uma """"simples"""" passada de mão.

Nós não não somos um pedaço de carne, mas acham por aí que isso é mentira. Quem acha? As pessoas que justificam o estupro pela roupa, pela atitude, pelo caralho a quatro. Que dizem "depois é estuprada e não sabe por quê". Ou que, quando uma mulher reclama que passaram a mão na balada, bufam e falam (nesse caso, os homens): "vocês reclamam, mas a gente ia adorar mulher passando a mão na gente". Sim, já ouvi argumento do tipo. E achei nojento, porque não tem nada de legal em um cara apertar sua bunda só porque te achou gostosa.

A gente critica a burca, mas no ~mundo ocidental~ é mesmo tão diferente? Não precisamos andar cobertas, mas policiais aconselham a prática se não quisermos ser vítimas de estupro. Falamos a toda hora sobre fulaninha por andar com roupa curta, decote, calça justa como se isso fosse problema nosso. Não, não é. E também não é convite para estupro ou abuso.

(Aí a gente escreve isso e depois é chamada de feminista. Feminista por quê? Porque acha que é UM DIREITO nosso não ser estuprada, não ser abusada, não ter o braço quebrado na balada porque não quis beijar o cara?)

Por fim, Fernando Luna em um editorial GENIAL da Tpm de um ano atrás. E é isso que resume tudo: queremos respeito. Apenas isso.

Nenhum comentário: