Os ~fashionistas de plantão~ têm dessas coisas: nem sempre
(ou quase sempre) analisam a repercussão de suas atitudes.
Não se trata do preconceito – ou o que alguns podem chamar
de “mal gosto” – do desfile de Ronaldo Fraga e sua “homenagem” aos negros com
cabelo de bombril (!!!!!), e sim sobre o que isso NÃO gerou no tal mundo da
moda. Talvez o tema até tenha ecoado pelos corredores da bienal, mas não cruzou
a barreira que poderia transformar os sites de moda em fóruns para se discutir
o tema de maneira mais ampla.
Alguns noticiaram a tal ~homenagem~, outros passaram
batidos pelas ridículas tiarinhas de palha de aço do estilista. Ninguém questionou sobre o
que isso significava. No site da Vogue, leitores comentavam o quanto se sentiam
ofendidos pelo desfile de Ronaldo Fraga. Não é uma bela deixa para se discutir
sobre a imagem dos negros na moda, a valorização de sua cultura e raízes, a
beleza dos cabelos cacheados e crespos? Mas não. Preferiu-se aplaudir o mineiro
e seus bombris na cabeça.
Daí acharem que o mundo da moda é fútil e superficial. Ele
mesmo gosta de reforçar essa ideia. Algumas vezes deixam escapar uma polêmica –
como quando a modelo magérrima com distúrbios alimentares morreu e todo mundo
passou a levantar a bandeira da “saúde é o que interessa, o resto não tem
pressa”. Foi um movimento lindo, as marcas reprovando modelos com IMCs baixos,
curvas sendo valorizadas e tudo o mais. Até o tema cair no esquecimento e começarem a achar incrível a tal dieta pré-desfile da Victoria’s Secret da Adriana
Lima – que não era bem uma dieta, e sim uma greve de fome.
Não tem jeito. Enquanto os tais ~fashionistas de plantão~ não
saírem das salas de desfile e começarem a prestar atenção na sociedade, eles
sempre estarão presos a um mundo de contos de fadas.
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