quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Os primeiros shows sozinha a gente nunca esquece

Primeira Parte:

Eu dei uma sorte do caramba, é verdade. Tipo coisa do destino, mesmo. Já tinha definido a data das férias e o curso de inglês estava encaminhado. Eu passava dias entrando no site da TicketMaster e calculando distância, preço de hotel e passagem aérea de Nova Iorque para ir a um dos shows da Taylor Swift com o Ed Sheeran. Foi só depois de várias semanas que tive um lampejo: uma amiga minha, antiga companheira de rali, agora morava em Raleigh - e miss Swift tinha show na cidade exatamente enquanto eu estaria nos Estados Unidos. Feito.  

Contei aqui no blog que eu estava pronta para encarnar a Sheerio e dar gritos de felicidade quando Ed Sheeran entrasse no palco. Foi quase isso - embora a sensação tenha sido mais de "OMG, eu estou mesmo no show de um dos meus cantores favoritos \o/ não acredito não acredito não acreditooooo". Fui sozinha, o que me permitiu fazer quase que uma análise antropológica do ambiente: adolescentes gritando a cada frase que os cantores falavam, vestidas E-X-A-T-A-M-E-N-T-E como Taylor Swift (SÉRIO!) e munidas de cartazes feitos com luzes de VERDADES - o que classifiquei como nível expert de cartazes.

Contei com a boa vontade da amiga, marido da amiga e sogros da amiga, que me levaram e me buscaram na PNC Arena e me presentearam com um final de semana mágico na Carolina do Norte.



Segunda Parte:

Além de estudar inglês, um dos meus grandes objetivos em Nova Iorque era tentar assistir a show dos meus cantores preferidos - que, na época, consistiam em três: Damien Rice, Ed Sheeran e Jake Bugg. Afinal, em 2011 eu paguei 36 doletas para ver três horas de show do Elton John no MSG e estava mais do que disposta em repetir a dose.

(Para meu completo azar, pouco depois de eu emitir as passagens o Ed Sheeran anunciou três shows no MSG pra novembro. Ugh, se ele tivesse fechado um pouco antes...)

Minha estratégia era, basicamente, comprar tudo aqui e lá decidir como eu ia me virar. E, assim, adquiri um ingresso para ver Jake Bugg no famoso Webster Hall - quer dizer, o site deles falava que era famoso e eu acreditei, mas sei lá.


Eu sou uma pessoa que encara tranquilamente um belo passeio sozinha, mas esse mundo de baladas e eventos noturnos não é muito a minha praia nem quando eu estou bem acompanhada. E aconteceu que os ingressos já estavam esgotados quando minhas colegas de quarto foram tentar comprar, então eu teria que ir no maior estilo #foreveralone.

Minha primeira providência foi checar o Foursquare e, devo confessar, as dicas por lá eram bem desencorajadoras. Mas, porra, era o Jake Bugg, eu adoro o cara e nem sabia se ia ter a chance de vê-lo ao vivo alguma outra vez! Me joguei.

Fui de uma arena na Carolina do Norte com mais de dez mil adolescentes/seus pais e responsáveis uma casa de shows de tamanho médio no bairro boêmio de Nova Iorque. E as duas experiências valeram super a pena. Jake Bugg encanta tanto que dói o coração. Aquela voz única é cheia de uma emoção indescritível - e ele finalizou o show com uma música nova tão linda!
   
Viajar nos traz essas possibilidades únicas - no caso, de ver o cara que a gente ouve todos os dias, o dia todo, bem pertinho e sendo genial. Foi uma noite para não esquecer jamais. E todo aquele pavor de encarar o Webster Hall sozinha? Bom, só encontrei gente bacana que me dava espaço para assistir ao show e que, assim como eu, queriam mesmo é aproveitar o som daquele garoto.  

domingo, 18 de agosto de 2013

Sobre os mistérios dos sites mobile

Há cerca de um mês, os metrôs de São Paulo foram inundados por caixas gigantes de madeira que pulsavam como um coração. Em uma das vezes que passei por essas caixas, decidi scanear o QR Code impresso para ver do que se tratava.

(Sim. Uma das minhas atividades preferidas é scanear QR Codes para descobrir que segredo eles guardam)

Eis que o código me direcionou para um site, aparentemente uma campanha da Becel. Tudo lindo, não fosse um detalhe crucial: a leitura da página no celular era muito ruim. Eu precisava ampliar a tela e depois ficar rolando de um lado para o outro para conseguir ler as informações. Obviamente desisti alguns segundos depois. E fiquei me questionando: por que diabos uma pessoa pensaria em uma campanha claramente feita para celulares e não desenvolveria o site para mobile?

Frequentemente damos de cara com uma pesquisa sobre como as pessoas têm navegador cada vez mais em dispositivos móveis. É um fato. Não é raro vermos gente se divertindo com seus smartphones no metrô. E o que vejo do outro lado da tela são sites dando mole na tentativa de conquistar esse novo tipo de internauta.

Nem sei dizer quantas vezes isso já não aconteceu comigo: estou no Facebook ou Twitter, pula na minha frente um link interessante. Quando vou ver, o site não é responsivo e, na maioria das vezes, desencano da leitura. Em um mercado onde o tempo de navegação também é um dado importante para se por na conta, os caras acabaram de perder uma grande chance de me impactar positivamente.

E talvez esse cara tenha um app bacana e coisa e tal. E daí? No momento em que eu vejo alguma chamada para a notícia no meu celular, não estou interessada em mudar de aplicativo, correr a timeline e achar o que eu quero ler. Nos dispositivos móveis, quanto mais simples for o caminho que me leva ao seu site, melhor - contanto que eu consiga ler o que eu quero sem fazer milhões de malabarismos, é claro.  

Experiência pessoal: já faz quase um ano que tenho o app do Mashable. Sabe quantas vezes entrei? Umas cinco. Todas por acaso.

Hoje em dia, sou viciada no BuzzFeed. Já pensei em baixar o aplicativo dos caras, mas desisti. Pra quê? A chance dele se tornar mais um peso no meu celular é grande, e o site responde muito bem ao meu celular. Então posso simplesmente clicar no link e ler a informação que quero - e, talvez, depois navegar um pouco mais por lá. A experiência com eles no celular é confortável. Não tem dificuldade, não precisa ampliar ou rolar as telas pros lados. E eu posso simplesmente clicar no ícone ao pé da página e compartilhar a info com minha TL.

E quem ganha com isso? Eu, porque acessei a informação que queria; e eles, porque garantiram o meu clique e conseguiram me prender ao site - não importa em que dispositivo eu esteja. Ponto par ao BuzzFeed!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A revolução foi tuitada (e será vinada)

A Primavera Árabe foi tuitada. Na Turquia, Vine e Youtube guardam registros das manifestações. As mídias sociais estão aí e devem ser usadas não só para Instagramarmos o que comemos no almoço.

A intenção aqui não é discutir se o que aconteceu em São Paulo foi certo ou errado. Está por fora? Então, resumindo: protesto contra o aumento da tarifa de ônibus, polícia descendo o cacete, quebra-quebra. A história de sempre.

Mas não é isso que vamos discutir.

Enquanto tudo acontecia na Avenida Paulista, eu estava em casa, um celular com twitter na mão e nenhuma informação. Pensei em algumas hashtags óbvias - #OccupyPaulista, #OccupySP, confesso que esqueci o termo Primavera Paulistana -, pesquisei por Paulista. Pouca coisa. E nada de quem estava lá. Nenhuma foto, poucos relatos (só li um, na verdade). Acabei não procurando no Instagram, e o Vine  parece que ainda precisa comer muito feijão com arroz. Pensando na proporção da situação (pelo menos era o que a BandNews dava a entender no rádio, enquanto eu ainda estava a caminho de casa), poucos tuítes foram produzidos na minha TL - e olha que teria gente para tuitar. Pelo que entendi, algumas redes de televisão sobrevoavam a manifestação. Fim.

A Globo tem o ponto de vista dela. A Record, a Band, a Rede do Zé da Esquina. Todas vão enxergar as coisas de uma maneira diferente. É natural. Entre todas essas vozes, a das pessoas que estavam por lá se perde. Por que vocês não tuitaram, manifestantes? Por que não instagramaram? Vinaram? Tá certo que o 3G da Paulista não é lá essas coisas e o negócio tava pegando fogo, mas será que não tinha alguém lá que pudesse registrar? E onde estavam as pessoas para espalharem esse registro? Eu procurei e não achei. Ninguém melhor para explicar o que aconteceu do que quem estava lá. E tenho certeza de que teríamos vários pontos de vista que enriqueceriam uma possível discussão, fosse acerca da passagem, fosse acerca da violência dos manifestantes, fosse acerca do policiais. Tá certo que ainda me questiono se sabemos mesmo discutir racionalmente, mas podíamos, pelo menos, usar as ferramentas para testarmos.

As redes sociais nos deram uma voz imensa para publicarmos todo o tipo de abobrinha possível. Por que deixamos essa abobrinha passar? Não tinha importância? Ora, toda manifestação tem importância e merece atenção. Foi uma delícia quando, no ano passado, tuitei que não poderia participar da Marcha das Vadias (assim, sem hashtag) e alguém me respondeu que usando #marchadasvadias já era válido. Taí, unindo o on e off. Sem ativismo de sofá, mas também mostrando que as redes podem estar onde o protesto está.

Foi isso que mais senti falta hoje. Poder saber o que estava acontecendo de quem estava ali por perto. Ver vários pontos de vista. Levantar ideias. E não vi isso acontecer. Não vi o tal protesto chegar às redes e, como dizem por aí, gerar buzz. E gerar buzz nem é tão difícil assim, galera.

"A revolução não vai ser televisionada." E, pelo visto, nem tuitada ou vinada.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Reflexões pós-Boston sobre o fim do Twitter

Não se trata de uma análise profunda sobre o assunto "mídias sociais nos dias de hoje". Nem um apego sentimental. É uma constatação: o Twitter ainda é grande quando o assunto são grandes tragédias - e isso pode ser bom ou ruim, mas o The Guardian já fez um belo texto sobre o ~lado obscuro do Twitter~ nesses casos.

Mas a minha reflexão não é analisar se a tal "cobertura via Twitter" foi boa ou ruim, e sim pensar que ela existe - existe e é mais forte do que se pensa. Às veze as pessoas proclamam o fim do Twitter. A rede caiu de usuário, ninguém mais usa, o Facebook tá ganhando a batalha muahaha. Calma lá. Jack Dorsey foi bem claro - apesar de todo mundo pensar o contrário - ao dizer que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Facebook e Twitter são redes diferentes, usadas de formas diferentes e, muitas vezes, por pessoas diferentes.

Vamos concordar que a rede de microblogs, aliás, acabou fisgando um nicho específico - mais um nicho meio heterogêneo, se é que esse termo existe. Na real, não sei especificar exatamente que tipo de pessoa é, hoje em dia, usuária do Twitter. Mas, aparentemente, são essas pessoas que, em casos de grandes acontecimentos, vão ficar sabendo primeiro que alguma coisa estranha está acontecendo.

É algo do tipo "BREAKING NEWS: SOMETHING STRANGE IS HAPPENING IN BOSTON - COULD BE A BOMB". Pronto. Já é a hora em que você levanta e fala que alguma coisa explodiu em Boston. As pessoas te olham com estranheza e entram na home do Uol para confirmar a notícia. Mas antes que o portal brasileiro desse a info na home, a Reuters já montou uma página especial com um live tweeting da história. Quando todo mundo está mais ou menos ciente de que realmente houve duas explosões no final da Maratona de Boston, pessoas estão feridas e tá tudo um caos, alguém publica no Vine - que nada mais é do que a versão em vídeo do Twitter - o momento exato da explosão. O filminho circula pelo mundo mais rápido que o streaming da NBC.

Depois de tudo isso, pode ser que tudo realmente vire uma bagunça. Pessoas começaram a criar teorias malucas e o Twitter, de fato, se transforma em uma mesa de bar. Mas o ponto é que ele cumpriu seu dever. Alguém já tuitou direto da linha de chegada. Já postou fotos. O raso da história chegou antes por ali.

Não importa o quanto as pessoas matem o Twitter. Quando alguma coisa assim acontece, ele é a primeiríssima fonte de informação - e essa é, de fato, a principal utilidade dele. Você sabe que aconteceu alguma coisa, sabe onde, sabe mais ou menos o quê. As pessoas que estão espalhando as informações não farão as vezes de jornalista (ou farão, quando o twitteiro é, de fato, um jornalista), mas são cruciais na hora de espalhar a notícia pelo mundo. Um retuíte corre mais rápido que o link. É mais prático. Mais instantâneo.

Não estou fazendo um ranking de importância. Como eu disse, cada rede é uma rede - e quando se trata de viralizar um acontecimento como os atentados de Boston, é no Twitter que a coisa acontece.  

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Meia-entrada e a banalização da corrupção

Sendo o Brasil essa potência em shows internacionais, uma discussão tornou-se recorrente por aqui: afinal, por que precisamos dar um rim se quisermos ir a um evento desses? Não é raro que o preço de um show comece na casa dos 150 reais, sem contas as tais taxas de serviço, o estacionamento, a cerveja cara, etc.

Mas essa só foi uma introduçãozinha para falar que uma das respostas mais constantes à pergunta acima é: meia-entrada. Sim, essa coisa linda que nos permite pagar apenas 150 reais em um ingresso cujo valor cheio é R$ 300, beijos, meia-entrada! É esse o grande problema dos show hiperinflacionados no Brasil? E a lei da oferta e da procura? E a nossa disposição para pagar esses valores absurdos? Será que também conta?

(E vocês vão ficar sem a resposta, já que esse não é o tema do texto. Rá! #Amandamá)

Procuro ir ao cinema pelo menos uma vez por semana. Objetivo que consigo mais ou menos cumprir, de acordo com a grana disponível. Minha ideia é sempre ir durante a semana, de preferência às quartas-feiras, quando o ingresso é mais barato o dia inteiro. Quando vou aos sábado, o preço é salgado: outro dia pagamos 50 reais em dois ingressos do Playarte do Center 3.

Me formei na faculdade e, no momento, não faço nenhum curso que me dê o direito de meia-entrada. Sendo assim, pago o preço inteiro quando quero ir a um cinema, teatro ou show. Porque sou uma pessoa incrível e mereço um prêmio pela minha boa índole? Não, mas fui ensinada desde cedo que, para lutar pelos meus direitos, preciso cumprir meus deveres. E não é meu dever ser uma cidadã correta? Então.

Só que, como bem explicou o colega Fagner Moraes, o certo, hoje em dia, é ser corrupto. A pessoa que não falsifica a meia-entrada é trouxa, o cara que tem o boleto falseta é ~esperto~. O cara que está no guichê do lado com uma carteirinha falsificada provavelmente me acha idiota quando eu peço uma entrada inteira.

O preço do cinema cairia se essa orgia de meia-entradas não existisse? Acho que esse não é o cerne da questão. O que precisa ser discutido é até quando o povo vai aceitar a corrupção do dia-a-dia e reclamar que estão roubando em Brasília? Até quando a pessoa que se acha esperta por falsificar uma carteirinha de estudante vai negar a corrupção até a morte?

Se queremos pagar o justo por uma entrada de cinema, de show, de teatro, precisamos lutar por esse direito, lógico. Mas essa luta não passa pelo barco da corrupção - e nem venham falar em ~jeitinho~, porque ~jeitinho~ é a corrupção travestida de boazinha.

Por ora, só nos resta engolir o preço absurdo que pagamos pelas coisas aqui no Brasil e sermos os trouxas que pagam o ingresso cheio. E os corruptos bradam contra a corrupção enquanto compram uma meia-entrada ~no esquema~ para o próximo Rock in Rio.

PS: no post do Fagner o Marcelo Soares fez um comentário excelente que reproduzo abaixo. para pensarmos da próxima vez em que comemorarmos a carteirinha de estudante válida por um ano para aquele curso de três meses.

Simples. Se você é contra, não use sua carteirinha de estudante. Em 2011, eu comecei a fazer pós-graduação e larguei no meio. A carteirinha valia até o final de 2012. Eu simplesmente não usava, porque sou contra o mau uso da carteirinha. Meu salário não é tão ruim que me impeça de ir ao cinema pagando dobrada (que por marketing é chamada de inteira), por menos que eu goste disso. Mas eu SEI que quanto mais gente pagar meia indevidamente, pior fica o preço pra trouxas como eu.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobre o conto de fadas de Ronaldo Fraga


Os ~fashionistas de plantão~ têm dessas coisas: nem sempre (ou quase sempre) analisam a repercussão de suas atitudes.

Não se trata do preconceito – ou o que alguns podem chamar de “mal gosto” – do desfile de Ronaldo Fraga e sua “homenagem” aos negros com cabelo de bombril (!!!!!), e sim sobre o que isso NÃO gerou no tal mundo da moda. Talvez o tema até tenha ecoado pelos corredores da bienal, mas não cruzou a barreira que poderia transformar os sites de moda em fóruns para se discutir o tema de maneira mais ampla.

Alguns noticiaram a tal ~homenagem~, outros passaram batidos pelas ridículas tiarinhas de palha de aço do estilista. Ninguém questionou sobre o que isso significava. No site da Vogue, leitores comentavam o quanto se sentiam ofendidos pelo desfile de Ronaldo Fraga. Não é uma bela deixa para se discutir sobre a imagem dos negros na moda, a valorização de sua cultura e raízes, a beleza dos cabelos cacheados e crespos? Mas não. Preferiu-se aplaudir o mineiro e seus bombris na cabeça.
  
Daí acharem que o mundo da moda é fútil e superficial. Ele mesmo gosta de reforçar essa ideia. Algumas vezes deixam escapar uma polêmica – como quando a modelo magérrima com distúrbios alimentares morreu e todo mundo passou a levantar a bandeira da “saúde é o que interessa, o resto não tem pressa”. Foi um movimento lindo, as marcas reprovando modelos com IMCs baixos, curvas sendo valorizadas e tudo o mais. Até o tema cair no esquecimento e começarem a achar incrível a tal dieta pré-desfile da Victoria’s Secret da Adriana Lima – que não era bem uma dieta, e sim uma greve de fome.

Não tem jeito. Enquanto os tais ~fashionistas de plantão~ não saírem das salas de desfile e começarem a prestar atenção na sociedade, eles sempre estarão presos a um mundo de contos de fadas.

terça-feira, 19 de março de 2013

Like a Sheerio

Uma série de confissões: eu tenho medo, pavor, desespero de adolescentes. Não todas, é verdade, mas daquela parte que grita, faz escândalo e tira fotos no espelho de banheiro público - coisas que, muito provavelmente, eu fiz, mas que a memória seletiva não me permite lembrar; eu fui ao show da Katy Perry - por livre e espontânea vontade, não porque minha irmã adolescente (uma adolescente bacana) me obrigou. True story.

Não tinha ligado as duas coisas quando paguei uma pequena fortuna no ingresso do show da moça de cabelo azul. Só depois, já no inferno-em-forma-de-show-de-cantora-pop-teen, me dei conta da loucura. Meninas gritando. Pulando. Uma delas deu uma cotovelada no meu peito. Horror.

Nesse dia eu jurei: nunca mais iria a um show de teenager. Like... ever. (como diria Taylor Swift, e aí você já começa a perceber que o juramento foi pro saco).

Nesse momento caberia uma digressão sobre Damien Rice, mas aí seria tanta paixão amor felicidade lágrimas coraçãozinho-com-a-mão e melosidade que vocês desistiriam logo desse texto - digo, aqueles que que não pararam de ler assim que citei Taylor Swift.

Pois o medo pode se transformar em salvação quando seu lado juvenil aflora com força. Por algum motivo totalmente incompreensível - seria o cabelo ruivo? O jeito, que só pode ser classificado como "fofo"? A idade? - um Damien Rice em miniatura conseguiu alcançar essa parcela da população que vai para a porta de hotel gritar chorar espernear. E, em uma reviravolta cruel do destino, também me encantou.

Deixe-me explicar, então, que Ed Sheeran me deixou tão obcecada que, mesmo diante da avalanche de adolescentes histéricas, comprei o ingresso para seu show feat Taylor Swift. Adolescência em dobro. Gritos em dobro. Horror em dobro - e aí surge uma luz: e se eu me juntar a elas? Gritar, espernear, fazer coraçãozinho com a mão?

Assistir a um show teen #foreveralone te abre esse leque de possibilidades. A possibilidade de, aos 23 anos, buscar lá no fundo da alma o lado adolescente e deixar rolar. Vestir a camisa (metaforicamente) do mocinho, ser Sheerio (a irmã que me ensinou), realmente surtar diante do show de um cantor que você curte pra caramba.

É essa a minha terceira confissão: já tenho data, hora e local para me permitir voltar à doce e assustadora histeria adolescente.