sábado, 29 de novembro de 2008

Trabalho de formiga também serve

Aprendi com a minha mãe a valorizar todo e qualquer esforço para fazer o bem. "Eu acredito em trabalho de formiga", constuma dizer a senhora Roldan.

Digo isso porque às vezes as pessoas - e me incluo neste grupo - se pegam pensando: "putz... tem gente mandando toneladas de doações para Santa Catarina, que diferença vai fazer o meu quilo de alimento?"

Eu respondo: muita. Porque se todo mundo pensar assim, o um quilo vira dois, três, dez, cem, mil. Por isso, doe o que e o quanto você puder. No momento, o que mais estão pedindo são produtos de higiene, como escovas e pastas de dente, fraldas, absorventes, sabonetes, etc. E água potável, também.

A Folha Online publicou uma lista de locais que aceitam as doações. Fora isso, muitos condomínios, prédios e colégios estão fazendo campanha. Para quem mora perto de Erechim, o EAEC (Erechim Automóvel Esporte Clube) está fazendo coleta de donativos em sua sede - quando tiver o endereço, publico aqui.

Vamos lá, galera. Trabalho de formiga dá uma ajuda danada.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

L.T., piloto de kart


Ok. Pode parecer besteira, babaquice ou qualquer outro adjetivo que vocês queiram dar. Mas que, na primeira olhada, é estranho ver Luis Tedesco, campeão de Rally de Velocidade um milhão de vezes - hiperbolicamente falando, é claro. Acho que foi umas onze, o que também já é grande coisa -, no meio de uma corrida de kart, isso é.

(E isto me deu uma idéia...)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Três anos sem Burns

Por anos procurei uma miniatura de Subaru de 2001, Richard Burns e Robert Reid em seus vidros, campeão. Entrava em todas as lojas possíveis para achar o carrinho azul daquela marca tão tradicional no mundo do rally. Entragavam-me um de Tommi Makkinen, 2003 ou 2002, mas não era aquele que eu queria. Queria o de Burns.

Richard Burns que, indo para o Rally de Gales - de novo ele! - de 2003, desmaiou a bordo de seu Porsche e foi salvo por Markko Martin - de novo ele!

Dias depois, o piloto foi diagnosticado com um câncer no cérebro. Passou por quimio e radioterapia e foi operado em abril de 2005, com sucesso.

E eu indo atrás do Subaru azul.

Chegou novembro. Em 25, desligou-se deste mundo.

Chorei. Tinha ainda a esperança de vê-lo voltar às pistas, um cavaleiro inglês junto ao seu veículo azul. Não o veria mais.

Hoje, faz três anos da morte de Burns. Não achei o Subaru azul, também não mais o procurei. Então, prometo: voltarei a procurar aquele carrinho, Burns e Reid, 2001, campeão.


Loeb e Sainz durante a festa de gala da FIA de 2003, ano em que foi diagnosticado o tumor de Burns.
Crédito: JUWRA

Espinhas a bordo

A última etapa do WRC acontece entre os dias 5 e 7 de dezembro. Verdade seja dita, o que está em jogo é o terceiro lugar, disputado por Dani Sordo, Jari-Matti Latvala e Chris Atkinson, com 59, 50 e 50, respectivamente. Olhos também em Sebastien Loeb, que pode bater o recorde de vitórias ganhas na mesma temporada - ok, o recorde atual é dele (10), bem como o anterior (8).

Pois hoje, dia 25, Tom Cave passou no teste prático. Não, ele não estava fazendo aulas para auto-escola. Cave - que, por sua origem, creio que não se pronuncia Queivi - é natural da Letônia, aquele país localizado entre Estônia e Lituânia. Coincidentemente, ele estreará na mesma prova em que um piloto oriundo da mesma região perdeu seu navegador: foi no Rally da Grã-Bretanha que Michael Park, co-piloto de Markko Martin, morreu, levando o estoniano a encerrar temporariamente sua carreira - ele correu o Richard Burns Memorial Rally deste ano junto a Robert Reid, ex-navegador de Burns.

Coincidências e saladas de fruta a parte, não é o fato de ser da Letônia que faz o ruivinho merecer atenção - ou não somente isso. Tom Cave tem 17 anos. Exatamente: dezessete. No país Balcã, a pessoa pode começar a dirigir carros de rally com 15.

"Nosso objetivo no Rally de Gales é simples: levar nosso Ford Fiesta ST para o final, de preferência sem usar o SuperRally [aquela regra em que um carro pode voltar à corrida no dia seguinte sem ter completado o dia anterior]. Completar a prova na minha primeira vez, nas mesmas especiais que os melhores pilotos do mundo, seria um passo incrível para mim e um resultado perfeito desses dois anos de competição na Letônia", disse foguinho ao site oficial do WRC.

O rally está ficando cada vez mais jovem...

Parabéns, parabéns e parabéns!

O tempo vai passando e a gente fica naquela: amanhã eu falo sobre isso. E nessa história de adiar, acabei não falando de algo que me deixou extremamente feliz.

Há um pouco mais de uma semana, duas pessoas super queridas por essa blogueira conquistaram o campeonato brasileiro na categoria N2: Bernardo Koller e Sidinei Broering. A vitória deu-se na aprazível Severiano de Almeida, cidadezinha perto de Erechim e muito lindinha. Foram quatro vitórias em oito provas: Erechim, Divinópolis, Estação e Severiano.

Confesso, não acompanhei quase nada do CBR neste ano - entrará para a lista de campeonatos que pretendo acompanhar em 2009. O que foi uma pena, pois marcou a volta de Bê ao campeonato depois de vários anos sem guiar durante a temporada inteira. E que volta!

Bernardo entrou em uma espécie de vestibulinho, mais ou menos parecido com o que está acontecendo entre Di Grassi e Senna. Agradou a galera da GM, entrou ao lado de Sidão e, sete meses depois, levou a taça.

Vitória mais que merecida. Para os dois. Parabéns!

Sem graça

Quando chegamos a Interlagos, o Esporte Espetacular mostrava uma entrevista com Bruno Senna. Quer dizer... entrevista, não. Era Senna arrumando a mala, dirigindo o carro, jogando ping-pong (tênis de mesa?), tudo. E testando a Honda. Vestindo macacão, vestido com o macacão, caminhando pelos boxes e, ah!, andando de carro também.

Aí, por não mais que um minuto, aparece ele. Ele quem? Papai Noel? Coelhinho da Páscoa? Suri Cruise? - tá certo, eu disse ELE, mas não tinha como não incluir o bebê mais chato do universo. Não!

Lucas Di Grassi.

(Fiquem com aquela cara de "quem é esse?" enquanto eu escrevo o resto)

Mais tarde, durante o Fantástico, Rubens Barrichello concede entrevista a Patrícia Poeta e, óbvio, diz que será um erro se Bruno Senna for para a Honda.

(Por que óbvio? Bom... se aparece um garoto que está cotado para tomar o seu lugar e você não tem nem pra onde correr, você vai falar "fica, meu filho... você merece!"? Vsf!)

E aí - mais óbvio ainda - aparece Bruno Senna, que está concorrendo com Barrichello pela vaga na escuderia. Touchè! Cadê Lucas Di Grassi? Ninguém sabe, ninguém viu.

Nesse meio tempo, o moleque apareceu em Interlagos. Caminhou pelos boxes, conversou um pouco, disse que a Honda ainda não decidiu, os dois - ele e Bruno, não Bruno e Barrichello - fizeram testes satisfatórios, devem ir para Jerez de La Frontera no começo de dezembro, e blábláblá (o Grande Prêmio traz uma entrevista com o garoto)

Ali estava, um brasileiro com chances de entrar na Fórmula 1 ano que vem, que fez um puta campeonato na GP2, e ninguém dá bola. Fosse o primeiro-sobrinho, Interlagos estaria um caos e a primeira-emissora estaria lá com uma equipe de jornalistas para acompanhar cada passo de Bruno.

É de dar nojo. Claro, Di Grassi não tem o sobrenome. Ele não é um Senna. Pode ter feito um campeonato melhor que o de Bruno - ok, Senna foi vice-campeão e Lucas "apenas" o terceiro? O guri não correu as TRÊS primeiras rodadas e chegou a UM ponto do Senninha.... - mas é um Di Grassi. E, por causa disso, é esquecido pela mídia brasileira.

Quero ver como ficarão certas emissoras se for ele o escolhido...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ora, pois

É fato que inúmeras vezes cadastamos nosso e-mail em sites e afins e passamos a receber periodicamente newsletters e coisas desse tipo. Também é fato que, movidos pela preguiça, não nos "descadastramos" e continuamos com a rotina de recebe-apaga, sem nem olharmos do que se trata. Mas dessa vez tive que conferir.

O e-mail vinha assim: "A Honda antecipa a chegada do Pai Noel". Primeiro, nunca comprei um ou uma Honda. Segundo, Pai Noel? O bicho ficou formal desse jeito? Na minha época era Papai Noel, daquele jeito fofinho que só as crianças sabem falar.

Cliquei. Lá estava:

"Natal é quando a Honda quiser
Antecipe a chegada do Pai Noel:
até 30 de novembro, dê uma Honda a si próprio
Desde 99 euros/mês"

Fui conferir o endereço e confirmei o que suspeitava: o anúncio vinha de Portugal. Mais: vinha da Motorpress de lá, e associei a propaganda com as constantes mensagens sobre a última edição da Autoesporte.

É claro que tenho toda a intenção de falar com Francisco Inocencio para reservar um quadri para mim. Será que a DHL enterga?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Hazelnut

Eram nove da manhã. Parei na Paulista, entrei no Center 3 direto para a Starbucks e entrei na fila. Quando a atendente perguntou o que eu queria, discursei quase que mecanicamente o pedido de sempre: um café mocha tall com... com? A palavra se perdeu. Veio à minha cabeça a hazelnut. E de hazelnut lembrei-me de Manoel de Barros falando dos pássaros e da língua mãe, porque hazelnut não queria dizer nada para mim, era uma palavra sem essência e cor, apenas um sabor colocado em um café já sem muito gosto de café.

Mas logo descobri que hazelnut tinha, sim, um significado. Hazelnut me trazia à mente a viagem para Chicago, a manhã seguinte daquele longo dia, o dia da caminhada em volta do Chicagoland Speedway, do choro, da ligação pro Panda, sentada no chão da estação de Joliet, de mais choro ainda, dos soluços, da vontade de desistir, do apoio que recebi, e, mais calma, da ligação para o Fábio, dos esboços de risada, do embarque para Chicago, de mais um pouco de choro, da cabeça cheia, das perguntas que vinham à mente, da única semi-refeição do dia, do quarto vazio, da noite mal dormida.

E aquela manhã seguinte do despertador tocando cedíssimo, da cabeça ainda doendo, da calça jeans, da blusa de botão, da blusa de lã, da saída do hotel, do táxi pra a La Salle Street Station, da caminhada para a Starbucks, do Mocha tall with hazelnut, da Chicago deserta no domingo de manhã, só um cara de bicicleta na rua, do estômago revirado pelo medo e nervosismo, do vento na estação, a mulher avisando que eu podia entrar, do trem em que embarquei quatro vezes, todas elas sentada na parte de cima do vagão, do caminho para Joliet, das casinhas, das estações passando uma atrás da outra, da chegada ao autódromo, do e-mail do Panda e da Alê - acho que nunca agradeci por aquelas palavras que me deram tanta força.

Uma manhã em que ainda estava meio hesitante, meio insegura, uma insegurança que nunca tinha sentido antes. Na cabeça, só as palavras daqueles três, acho que não teria ido se não fossem eles, não teria visto Raphael Mattos sendo campeão, Antinucci secando os olhos pelo título perdido de tal forma, a corrida mais fantástica da minha vida, Dixon campeão, Hélio Castroneves em, provavelmente, uma de suas últimas corridas pela Penske - ou seria na Indy?

Teria deixado de lado a perda do ônibus para a estação, o táxi que demorou uma eternidade, tanto que as equipes já tinham ido embora quando consegui sair daquele autódromo no fim do mundo, mas o taxista estava feliz porque Scott Dixon tinha sido campeão, e me explicou que seu carro era número 9 e o pessoal da Ganassi tinha dado a ele um boné da equipe, disse que tinha vindo para o Brasil quando fazia parte das forças armadas, que visitou o Rio de Janeiro, minha cidade, e riu quando eu voltei porque tinha esquecido o bilhete do trem dentro do carro.

E, já no escuro, esperei o trem chegar, entrei, vi as sombras das casinhas e estações do caminho de Joliet para Chicago, e senti por não poder voltar para aquele lugar. Meu coração já começava a sentir saudades daqueles dias, e no lugar do choro da noite anterior, sorri. Sorri e agradeci por todo o apoio que tive de tanta gente nesses anos, dos treze aos dezenove dá seis, então já são seis anos que amo o jornalismo, e nesses seis anos pude contar com pessoas como o Fábio, o Panda, a Alê, o Betto, o Denis, o Ric - listas são ingratas, sempre esquecemos alguém, mas sei que as pessoas sabem a importância que tiveram na minha vida.

Voltei, dormi (mal) e acordei para uma Chicago chuvosa. Percebi que poderia ter domingos como aquele o resto da semana, podia pegar novamente aquele trem para Joliet, partir para o Chicagoland Speedway, ver aquela corrida de novo e de novo, e pegar o taxista #9, o trem, Chicago, tudo.

Acordei para a manhã fria de São Paulo, a hazelnut na cabeça. Hazelnut tinha essência, tinha aquela manhã seguinte, aquele dia anterior, aquele fim de semana, tudo aquilo que, de tempos em tempos, passa pela minha cabeça como se fosse um filme, e eu assisto e assisto àquele filme sem me cansar, querendo ver as cenas nos seus mais íntimos detalhes.

Foi por tudo isso que, por uma fração de segundo, esqueci a avelã. Ela não tinha todo o significado de hazelnut.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Akinator

Descobri o site por culpa de Victor Martins. Fui burra o suficiente para clicar no link colocado no blog Victal e descobri o incrível mundo de Akinator. Confesso, não estava lá com muita criatividade para personalidades. Cravei um Sebastien Loeb e o bichinho acertou. Normal.

Pois hoje estou na faculdade quando chega um colega e diz: a gente tem que entrar nesse site! O gênio adivinha tudo!

Na hora perguntei se era o Akinator. Respondeu que sim.

Entramos, e então descobri aquilo que todos comentavam. Bongô. O tal gênio acertou o Bongô, personagem clássico do mais clássico ainda Castelo Rá-Tim-Bum.

Chega a dar medo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Vida que segue...

Uma semana sem dar sinal de vida nesse espaço. Não estaria mentindo se falasse que é a falta de tempo, mas também não seria toda a verdade.

Foi o mau-humor que grudou em mim lá no começo do mês e me acompanhou até segunda ordem - saí distribuindo patada, não sei como certas pessoas me agüentaram. A elas, mil desculpas, novamente.

Mas não deixou de ter momentos gostosos: como a festa, na terça-feira, que reuniu uma galera divertida. A premiação, como sempre, foi indo, indo, indo, até a hora em que toda a família Massa estava no palco e eu resolvi me trancar no banheiro. Mas que também teve - ou melhor, não teve - Hélio Castroneves, vencedor em sua categoria e que não pôde comparecer pelos pequenos problemas envolvendo o fisco estadunidense. E que contou com a presença do ilustre João Gabriel, menininho de oito anos que não dormiu até vero piloto da Ferrari. E o ponto alto, o encontro com Marcos Torkaski, parceiro virtual em bolões e fóruns da vida. Que de vez em quando acessa esse espaço, e pra ele deixo um beijão!

Ou como o dia seguinte, segunda fase do GE, na qual, devo salientar, não fui bêbada - ah, não, mas a pergunta era o depois da festa, né, Martins? Tarde que me deixou com uma certeza: nunca mais esquecerei o primeiro nome de Nakajima (KAZUKI!!!)

Ou, pra ir mais longe no tempo, o encontro com Denis de Almeida, há uns dez dias, jornalista de quem já falei algumas vezes e que é um dos responsáveis por eu ter escolhido essa profissão. Que faz com que eu sinta aquela saudadezinha boa da época da Universo Rally, quando falava com ele, com Ric, com Stefan ou seja lá quem estivesse naquela editora, e que ficava ouvindo os planos para o futuro com toda a paciência que merece uma menina de 13 anos.

A gente vive imaginando o futuro e, quando ele chega, fica nessa nostalgia.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mcgayver explica

O café já estava prontinho, me preparava para tomá-lo quando comecei a ouvir aquele barulho de água, vindo do banheiro.

Especializada em assuntos hidráulicos, fui checar o que estava acontecendo. Levantei a tampa e fiquei olhando. A água não parava de jorrar. Tá, não jorrar como um chafariz; ela vinha na proporção certa para uma descarga, só que constantemente, tão entendendo? Eu disse que era especializada em assuntos hidráulicos - bem como seus jargões. Caramba, o negócio estava vazando, pronto!

Puxei uma válvula, nada. Tentei mexer no parafuso, nada. Aí vi a bomba e puxei-a para cima. A água parou. Soltei, voltou. Puxei, parou. Soltei, voltou.

Fiquei segurando aquele negócio, imaginando o que faria. Lembrei da sacola do Pão de Açúcar em cima da mesa - tive que passar no mercado para comprar as carolinas da Alê, fruto de uma aposta perdida... humpf...

Prguei a sacola, fiz uma "lingüicinha" e puxei a haste da bomba. Depois, prendi o plástico com a tampa da privada.

Não sei como vou usar o negócio, mas que a água parou, parou.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Vambora votar, galera!

O Gabriel Pandini está fazendo uma enquete excelente em seu blog, o Saco de Batatas. Eu já votei! Dá uma passadinha lá, vai!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Habemus Obama

"Os estadunidenses estão sempre tentando fazer a coisa certa, após terem tentado todas as outras alternativas" Winston Churchill

Em uma das noites em Memphis, fomos a um barzinho assistir a um cover do Elvis. Cantamos, rimos, nos divertimos a beça. Mais para o finalzinho, o cara começou a falar a falar da época em que o Presley estava no exército. "Eu tenho orgulho dos militares", disse Joe - tenho quase certeza que era esse o nome do cara.

"Ah, não", pensei.

"Me orgulho desses homens e mulheres que partem para o deserto em busca da democracia e liberdade!"

WTF?

E aí, depois de todo esse ode aos militares no Iraque, veio "An American Trilogy". Adorava - como adoro até hoje - o instrumental da música, bem como a emoção com que Elvis a canta. Mas, confesso, nunca tinha parado para entender o real significado da música.

Aposto: fui procurar na Wikipedia. Me diz o site que a canção é um medley de três músicas - isso acho que não é difícil saber: duas delas têm relações com a guerra civil estadunidense.

Quando o cara começou, a "estadunidensenada" inteira levantou e botou a mão no peito. Os caras ficavam olhando feio para nós, irlandeses, brasileiros e australianos, que permanecemos sentados durante a música inteira.

Já no finalzinho, veio uma luz vermelha e azul, a bandeira dos EUA atrás do palco e os aplausos entusiasmados da galera. Chocante.

Isso me fez lembrar de uma coisa que Fernando Canzian, repórter especial da Folha de São Paulo, disse certa vez: as pessoas não conhecem a cabeça dos estadunidenses. Fala-se nos grandes centros, mas ninguém pensa em cidades mais "de interior". Memphis não é uma cidade interiorana, mas tem a aparência de tal quando comparada com Chicago, por exemplo.

Naquela hora, minha confiança em Barack Obama titubeou. Será que ele ganharia mesmo? Ou Canzian estava certo ao - infelizmente - apostar em John McCain?

A quarta-feira acordou mais leve. Um aroma de mudança estava no ar. Obama estava eleito. O mundo inteiro começou a sinalizar sua satisfação pela eleição.

Foi lindo.

Habemus Obama.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Quando a França bate a Finlândia

1986, Juha Kankkunen ganha seu primeiro título no WRC. 1987, o segundo. 1991 e 1993, terceiro e quarto. Torna-se, a partir daí, o piloto com mais Mundiais na bagagem.
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Veio 1996, veio o primeiro título de Tommi Makinen. O segundo. O terceiro. O quarto, em 1999. Quatro anos seguidos, quatro vitórias, iguala-se a Kankkunen e torna-se o piloto com mais títulos mundias seguidos.
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Entre os dois, a semelhança da nacionalidade: finlandês.
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São treze títulos mundiais, ídolos nórdicos para dar e vender, a Finlândia parecia imbatível. Assim ficou por quatro anos, quando deu Groholm (FIN), Burns (ING), novamente Groholm (FIN) e Solberg (NOR).
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E aí apareceu o menino. Bonitinho, pinta de bom moço, levou 2004. No pódio, deu seus mortais da época de ginasta.
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2005.
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2006.
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2007.

Pronto.
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Alcançou o recorde de Kankkunen e Makinen - duplamente em relação a Tommi, já que todos os títulos foram seguidos.
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Não só isso: por dois anos, ganhou em cima de um finlandês de cara amarrada, bi-campeão.
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Outro menininho apareceu. Na certa esse seria o cara que acabaria com a seqüência de títulos. Também com pinta de bom moço, não tão bonito assim. Mikko Hirvonen já havia mostrado serviço em 2007, em cima, também, do finlandês bi-campeão.
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Foi indo líder até a Alemanha, quando um pontinho separava França e Finlândia. Saiu vice, vice continuou. Loeb passou a dominar, deve ser herança de Napoleão esse negócio de querer conquistar tudo.
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Chegou ao Japão precisando de um terceiro lugar. Conseguiu. Chegou líder, saiu campeão.
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É um campeonato histórico. A Finlândia, soberana, viu sua supremacia cair. Loeb agora é o maior campeão de todos os tempos, tem cinco títulos consecutivos e, de quebra, ganhou o maior número de especiais (46) e tem o maior número de vitórias seguidas (10). É supremo.
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A França não passará a Finlândia em campeonatos ganhos - 13 contra 6. Mas terá o orgulho de falar: "tão vendo aquele molequinho ali, que desbancou Juha Kankkunen e Tommi Makinen? Ele é francês!"
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Em tempo: ele não tem mais cara de molequinho. Acho que o tempo fez bem a ele, não?


(Crédito da foto: Citroën)

domingo, 2 de novembro de 2008

Devaneios pós-corrida (2)

Confesso: não achei que Lewis Hamilton ia segurar a barrar. Estava crente que ele tentaria de todas as maneiras assumir a ponta da prova, que não ia se segurar. E o perigo estava ali, nessa afobação para ser o primeiro, mesmo que, na posição em que estava, já garantisse o título.

Mas soube. Manteve-se ali, no lugar dele, só esperando. Deu sorte, também. Se bem que sorte não é a palavra certa. A Toyota arriscou, manteve o pneu pra seco e deu no que deu.

Mais do que merecido, o título de Hamilton. Perder novamente na última prova, sem ter cometido besteira na corrida, era demais.

Amanhã, na hora em que eu estiver saindo de casa, espero que o inglês ainda esteja festejando. Ele merece.

Devaneios pós-corrida

Glock "passou a ser o piloto mais odiado da torcida brasileira". O mote desse post é a frase do Pandini em seu blog. Na minha lista do msn, pelo menos cinco pessoas exibiam em seus nicks "Glock, vai se foder" e suas variantes - o exemplo não era o mais agressivo, podem acreditar.

Confesso, a minha primeira reação foi xingar o Glock. Quando Vettel passou Hamilton, fiquei sem palavras. Comecei a roer os dedos, só passava pela minha cabeça "será que dá?" Paguei minha língua. Gritava "eu sabia, Vettelzinho! Eu sabia!" Mas, ao mesmo tempo, deu uma pontada: seria mais um campeonato perdido na última prova. Não gosto das declarações de Hamilton, mas ele é um puta piloto, ninguém pode negar. Não merecia.

E aí Massa passou a linha de chegada, todo mundo começou a gritar. Foi quando eu falei: vamos esperar o Hamilton passar, galera.

Apareceu quinto lugar na classificação, ficamos um tempo sem entender até que apareceu a imagem. "Foi comprado", a reação geral. Falei com a Alê, indignada. Ela perguntou: "Você ouviu o Fábio?"

Tinha ouvido o final, não tinha entendido nada. "O pneu do Glock tava na lona". Rebati que os dois tinham passado e ele tinha retomado. Ela contra-argumentou. Revi a cena e percebi que estava errada: retomou nada, retardatário chegou a passá-lo.

O Fábio foi ver o estado do pneumático. Em seu blog, confirmou: não tinha condições.

Vendo a cena, o tempo e tendo o depoimento de Seixas, não crucifico Glock. A culpa não foi dele. Mas, sei não... tenho certeza que muita gente que antes nem sabia quem era o ser, agora não quer vê-lo nem banhado a ouro.

Devaneios pré-corrida (3)

"There goes (VAROOM! VAROOM!) that Kandy Kolored (THPHHHH!) tangerine-flake streamline baby (RAHGHHHH!) around the bend (BRUMMMMMMMMMMMMMMM)" T. Wolfe

Largada às três e dez, rádio sintonizado na Bandeirantes desde o meio-dia.

Alê falando dos grid boys, Fábio solta "mas tem eu aqui no grid".

É isso aí, galera. Vai começar. Bom GP!!

Devaneios pré-corrida (2)

"Além de pouco peito, ele tem pouca telha. Vai ficar careca logo."

Foi o que me disseram lá de Interlagos. O comentário, claro, é sobre Kovalainen.

"O Alonso é lindo mesmo, viu!"

O mundo não tem só notícia ruim.

Devaneios pré-corrida

(a única vez que dou palpite, erro... humpf)

Existem vários telões espalhados pelo Salão do Automóvel. Um deles fica no estande da Citroën, ao lado da Porsche.

Quando cheguei, começava o treino classificatório da F1. Na sala de imprensa, eu e um japa tentávamos sintonizar a tevê na "Grobo". A imagem ficou meio ruim, mas não importa.

Parti para o estande da montadora alemã. Tendo todos os telões sintonizados na emissora-mor, senti-me emocionada. Eu sei que parece besteira, mas amo o esporte a motor, e ver toda aquela gente, aquele mundo de pessoas parado nos corredores, arrumando um lugarzinho pra sentar porque ali começaria a disputa pelo título, tudo aquilo fez meu coração bater mais forte.

Na primeira vitória do Massa, desci as escadas correndo, os olhos cheios de lágrima, para falar pra minha mãe: "O Massa ganhou!"

Hoje em dia, não sinto a mesma coisa pelo brasileiro. Não que o ache ruim, longe disso. Mas acho que Hamilton tem mais pinta de campeão que ele. Talvez não no Brasil, onde a Globo faz questão de transformar Massa em um herói, em um Felipríncipe, como disse a Caras certa vez, mas no resto do mundo acho que, se ele for campeão, será tão empolgante quanto Raikkonen no ano passado. Daqui a alguns anos, será difícil lembrar quem foi o campeão de 2008.

Veja bem, não estou falando que torço contra o Massa. Só não iria me empolgar tanto. E vai ser difícil engolir a Globo falando dele 24 horas por dia, as pessoas que nem sequer lembram que Fórmula 1 existe gritando que já sabiam, etc. Porra, tem coisa que enche mais o saco do que aquele cara que não acompanha nada de F1 vir te perguntar "e o Massa, como tá?"

Ainda aposto em Hamilton para campeão, mas as chances de Massa aumentaram consideravelmente. Como bem disse o Fabrício, Alonso vai vir com tudo para passar o inglês - não acho, porém, que ele vá ficar no S.

Lá no Salão, quando Massa fez o melhor tempo, todo mundo foi à loucura. E quando Raikkonen ficou à frente de Hamilton, então? Vixe! Emocionou!

sábado, 1 de novembro de 2008

Ué?

Entrava no metrô, o rádio já falhando, ouço que Lemyr Martins dará entrevista para a Bandeirantes falando de seu novo lançamento.

Ué? Não foi esse novo lançamento que, no dia 29, foi retirado de circulação pela Panda Books - editora do livro e nenhuma relação com o senhor Pandini?

Infelizmente não pude ouvir a entrevista - coloquei um amigo para fazer o trabalho, mas ainda nao falei com ele - e fiquei um pouco curiosa. Lemyr está gagá, disse-me um jornalista. Na segunda, Martins me confirmou que Dona Idely, mãe "sequestrada" de Rubinho, estava no Brasil durante a corrida da Áustria de 2002.

Como assim? No livro não está explícito que ela se encontra na Áustria, sequestrada pela Ferrari?

Tenho certa pena de Lemyr.

(na sala de imprensa do Salão, correndo pro estande da Porsche. Acho que dá Alonso na classificação.)